Mudanças climáticas: quando acreditar não basta
- kauric
- Sep 14
- 2 min read
Updated: Oct 6

A ciência já convenceu: as mudanças climáticas são reais. Mas por que tanta gente que acredita no problema continua de braços cruzados? Um estudo publicado na Proceedings of the National Academic of Sciences of the United States of America (PNAS) traz pistas — e a metodologia da Comunicação Pública de Conteúdos Complexos (CPCC), com o seu Mapa de Atribuição de Relevância, ajuda a transformar crença em ação.
Da crença à inércia nas mudanças climáticas
Você já deve ter ouvido: “Eu sei que o clima está mudando, mas o que eu posso fazer?”. Segundo a pesquisa da PNAS, 73% dos americanos e 86% da população mundial reconhecem que as mudanças climáticas estão acontecendo. Mesmo assim, a maioria não age.
E aí está o paradoxo: acreditar não basta. Informação correta não é sinônimo de engajamento. É como comprar um livro e nunca abrir — o conhecimento está ali, mas não vira prática.
O que trava a ação contra as mudanças climáticas?
As barreiras são muitas:
sensação de que o esforço individual “não faz diferença”;
custos e sacrifícios percebidos;
falta de clareza sobre quais passos dar.
Na prática, é como se a mensagem científica parasse na porta do cérebro, sem energia suficiente para entrar no coração e chegar às mãos.
O Mapa de Atribuição de Relevância
É aqui que entra o diferencial da CPCC. O Mapa de Atribuição de Relevância (MAR) parte de uma ideia simples, mas poderosa: cada pessoa atribui um valor em tempo e energia para consumir uma mensagem científica.
Se a comunicação pede mais do que o receptor está disposto a investir, o resultado é previsível: desinteresse, apatia, inação.
Já quando calibramos a mensagem para esse nível de relevância — usando formatos compatíveis, exemplos próximos da realidade, benefícios tangíveis — o jogo muda. A crença começa a se mover em direção à ação.
Lições da PNAS para comunicar ciência
O estudo reforça três ensinamentos que dialogam diretamente com o MAR:
Conheça seu público: mais do que falar sobre ciência, é preciso mapear o quanto de relevância ele atribui ao tema.
Reduza barreiras: simplifique a mensagem, mostre benefícios concretos, facilite o “como agir”.
Mostre o coletivo: ações individuais têm limites, mas juntas criam efeito dominó. Comunicar isso amplia o impacto.
Ciência que move
A pesquisa da PNAS é clara: a barreira não está só na descrença, mas na falta de mobilização. O Mapa de Atribuição de Relevância mostra que comunicar ciência é mais do que informar — é abrir caminho para que conhecimento se transforme em prática.
Em um mundo em que acreditar já não basta, comunicar é dar o empurrão que falta para a mudança acontecer.
Acesse a pesquisa completa do PNAS aqui
Sobre o autor
André Kauric de Campos é jornalista científico e coordenador do projeto Comunicar Ciência. Atua na ponte entre conhecimento e sociedade, transformando temas complexos em conteúdos que informam, provocam e inspiram decisões mais conscientes.



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